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Empresas voltam a contratar no segundo semestre

empregoAs empresas voltaram a contratar e a recrutar mais estagiários. Os números do desemprego estão a descer ligeiramente. Será um sinal que o pior já passou?

O mercado de trabalho português está a revelar os primeiros sinais de recuperação, depois uma vaga de despedimentos e congelamentos nas contratações. "Os processos de recrutamento estão a aumentar", revela Mariana Branquinho da Fonseca, partner da Heidrick & Struggles. A responsável pela empresa de recrutamento de quadros de topo acrescenta que, depois de uma vaga de rescisões "que levou as empresas ao limite, os quadros que ficaram estão sobrecarregados de trabalho, as empresas sentem necessidade de injectar sangue novo", sublinha.

Uma das razões para esta recuperação é o facto de se ter clarificado que "a crise vai continuar" e que não vale a pena "continuar a adiar as decisões de recrutamento". Já nas multinacionais, Mariana Branquinho da Fonseca sublinha que se assistiu a um processo de reorganização das operações a um nível internacional, o que levou a uma redução dos quadros de direcção afectos a cada país. Uma tendência compensada com a crescente "instalação em Portugal de centros de competências que operam para vários mercados". Um movimento que cria postos de trabalho.

Exemplos disso mesmo são a Teleperformance, a Altran, Technip que decidiram reforçar as suas operações em Portugal. Uma tendência confirmada pelos indicadores do desemprego revelados no final da semana passada pelo Eurostat. A taxa de desemprego em Portugal desceu em Julho, pelo terceiro mês consecutivo, para os 16,5%. Já o desemprego dos jovens até aos 25 anos caiu dos 38,4% para os 37,4% no último mês.

Outro sinal de melhoria das perspectivas para o mercado de trabalho foi o facto das grandes empresas terem retomado, este Verão, os programas de recrutamento de jovens recém-licenciados, que tinham sido suspensos em 2012.

Um sinal que não existia há um ano e que mostra que "já se começaram a preparar para o abrandamento da recessão", defende Luís Reis, administrador delegado do Hay Group. "Nalguns casos recrutam mais de uma centena de jovens. O que é um sinal "que as empresas têm perspectivas para o futuro", resume Luís Reis.

Estes programas são estágios profissionais, nalguns casos remunerados, e consistem numa escolha criteriosa, com várias provas de selecção, dos candidatos que passam depois meses a fazer formação e treino ‘on the job', por vezes com direito a "tutor" profissional. Depois de todo este investimento nos estagiários, a empresa tem todo o interesse em ficar com estes jovens que formou à sua medida. E acaba por dispensar apenas aqueles que se revelem mesmo ser um erro de ‘casting'. Caso contrário, ficam com contrato de trabalho. De qualquer forma, há casos de empresas que não ficam logo com os estagiários, mas que recorrem a esta "bolsa de candidatos" quando há uma substituição ou reforço a fazer.

Nuno Troni, Executive Manager Information Technology da Michael Page Portugal, partilha desta opinião positiva: "Encontramo-nos num período de recuperação", que já se vê na taxa de desemprego que diminuiu para a faixa dos 16%. "O que já vivemos de 2013 superou as nossas expectativas e estamos bastante mais confiantes que há dois anos", acrescenta, perspectivando "um final de ano em linha com o primeiro semestre". Agora, "depende enormemente da evolução económica e financeira, assim como da estabilidade política", diz ainda o manager da Michael Page.

Ao voltarem a apostar nestes programas de recrutamento, as empresas mostram estar novamente numa perspectiva de aposta no futuro. "No mínimo, 80% destes estagiários costumam ficar na empresa", sublinha Luís Reis.

O grande problema, acrescenta o administrador do Hay Group, são as restantes empresas, que constituem uma boa parte do tecido empresarial. "As PME continuam a ressentir-se do ambiente económico", defende, apesar da melhoria dos índices de confiança e das perspectivas de melhoria no crédito.

O perfil mais procurado

"As empresas querem abertura de espírito e os jovens têm muito pouca abertura de espírito", defende Luís Reis. Mais do que a vertente académica, as empresas precisam de pessoas com competências emocionais; capacidade de interacção; empreendedoras e com capacidade de inovação, defende ainda Nuno Troni. "E a maior parte dos reforços a que temos assistido são nas funções de vendas e tecnologias de informação", acrescenta. Os candidatos que têm maior facilidade em encontrar colocação estão, por norma, entre os 28 e os 40 anos, em funções de ‘middle management', licenciados nas melhores universidades e com percursos consistentes em empresas de média e grande dimensão e com bom ‘brand', resume o manager da Michael Page.

Quem está a emigrar?

Engenheiros e arquitectos, porque as obras pararam em Portugal, e muitos enfermeiros. Os engenheiros estão a ir para vários países, incluindo Europa, enquanto Angola e Brasil já estão a absorver menos profissionais de fora. E estão a ir muitos engenheiros trabalhar no sector do petróleo na Noruega. Os enfermeiros vão sobretudo para Inglaterra e para o Norte da Europa. Afacilidade com o inglês, comparativamente a espanhóis e italianos, está a ajudar na adaptação, diz Luís Reis. E há dois perfis de emigrantes, destaca Nuno Troni: os que não têm alternativa, e os que poderiam trabalhar em Portugal, mas preferem fazê-lo lá fora, atraídos por diversos factores que o seu país não consegue oferecer.

in Económico | 09-09-2013 | Carla Castro e Madalena Queirós

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